Consumo Alimentar e Síndrome Metabólica em adolescentes do sexo feminino

Autores

  • Eliane Rodrigues de Faria Universidade Federal do Espírito Santo
  • Franciane Rocha de Faria Universidade Federal de Viçosa
  • Carina Aparecida Pinto Universidade Federal de Viçosa
  • Sylvia do Carmo Castro Franceschini Universidade Federal de Viçosa
  • Maria do Carmo Gouveia Peluzio Universidade Federal de Viçosa
  • Silvia Eloiza Priore Universidade Federal de Viçosa

Palavras-chave:

adolescente, consumo alimentar, síndrome metabólica

Resumo

Objetivo: Comparar o consumo alimentar em adolescentes do sexo feminino com e sem síndrome metabólica. Método: Coletaram-se dados referentes a glicemia, colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos, insulina e pressão arterial em cem adolescentes de 14 a 17 anos, estudantes de escolas públicas de Viçosa-MG, que já apresentaram a menarca. Aplicaram-se dois instrumentos de avaliação dietética: Questionário de Frequência de Consumo Alimentar e Recordatório de 24 Horas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição. Resultados: Em relação ao estado nutricional, 83, 11 e 6%, respectivamente, apresentaram eutrofia, sobrepeso/obesidade e baixo IMC/idade, e 61% apresentaram alto percentual de gordura corporal. O colesterol total apresentou a maior porcentagem de inadequação (57%), seguido de HDL (50%), LDL (47%) e triglicerídeos (22%). Observou-se inadequação de 11, 9, 3 e 4%, respectivamente, em relação à resistência a insulina, insulina, pressão arterial e glicemia. Encontraram-se 16% com síndrome metabólica. Não se encontrou associação entre a disponibilidade de óleo e açúcar com a síndrome metabólica, mas 96,0 e 66,3% mostravam disponibilidade acima do recomendado para óleo e açúcar, respectivamente. A ingestão de ácidos graxos saturados foi maior nas adolescentes sem síndrome metabólica. Encontrou-se maior consumo de leites e derivados naquelas adolescentes que apresentavam síndrome metabólica. Conclusão: Ressalta-se a necessidade do planejamento de programas de intervenção nutricional ligados à prevenção e ao controle da síndrome metabólica, na tentativa de melhoria do padrão alimentar das adolescentes, justificando a necessidade de intervenção constante junto a esta população.

Objective: To compare food consumption in adolescent females with and without   metabolic syndrome. Method: glycaemia, total cholesterol, HDL, LDL, triacylglycerol, insulin, and blood pressure were evaluated in 100 adolescents ranging in age from 14 to 17 years, public school students in Viçosa – MG, who had already experienced menarche. Two dietary evaluation tools were applied: Food Frequency Questionnaire (FFQ) and 24 Hour Recordatory. The study was approved by the Research Ethical Committee of the Institution. Results: In relation to nutritional status, 83, 11 and 6%, showed eutrophia, overweight/obesity and low weight, respectively, and 61% presented high body fat percentage. Total cholesterol presented the highest percentage of inadequacy (57%), followed by HDL (50%), LDL (47%) and triacylglycerol (22%). Inadequacy was observed in 11, 9, 3 and 4% in relation to resistance to insulin, insulin, blood pressure and glycaemia, respectively. We found 16% with metabolic syndrome. No association was found between the availability of oil and sugar with the syndrome, but 96.0 and 66.3% showed availability of oil and sugar above the recommended levels, respectively. The intake of saturated fatty acids was higher in adolescents without metabolic syndrome. We found a higher consumption of milk and dairy products in the adolescents that had metabolic syndrome. Conclusion: We emphasize the need for planning nutritional intervention programs related to prevention and control of metabolic syndrome in an attempt to improve the dietary patterns of adolescents, justifying the need for constant intervention with this population.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

World Health Organization. Nutrition in adolescence – issues and challenges for the health sector: issues in adolescent health and development, 2005. 115p.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: Despesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro, 2010.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2012. Rio de Janeiro, 2013.

Faria ER, Franceschini SCC, Peluzio MCG, Sant’Ana LFR, Priore SE. Correlação entre variáveis de composição corporal e metabólica em adolescentes do sexo feminino. Arq Bras Cardiol. 2009;93 (2): 119-127.

Chiarelli, G; Ulbrich, A.Z; Bertin, R.L. Composição corporal e consumo alimentar de adolescentes da rede pública de ensino de Blumenau (Brasil). Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2011; 13(4): 265-271.

Corso ACT, et al. Fatores comportamentais associados ao sobrepeso e à obesidade em escolares do Estado de Santa Catarina. Rev Bras Estudo Popul. 2012; 29(1):117-131.

Flores LS, Gaya AR, Petersen RDS, Gaya A. Tendência do baixo peso, sobrepeso e obesidade de crianças e adolescentes brasileiros. J. Pediatr. 2013; 89(5):456-461.

Banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). 2006. Disponível na Internet via http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php. Acessado em 10 de janeiro de 2006.

World Health Organization. Phsical Status: the use end interpretation of anthropometry: report of a WHO Expert Committee. Geneva: World Health Organization, 1995. cap.5, p 263-311 (WHO technical report series 854).

World Health Organization. de Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, Siekmann J. Development of a WHO growth reference for school-aged children and adolescents. Bull World Health Organ. 2007; 85: 660-667.

Lohman TG. Assesing fat distribuition. In: Advances in body composition assessment: current issues in exercise science. Illinois, Human Kinetics. Champaign 1992: 57-63.

Barbosa KBF. Consumo Alimentar e marcadores de risco para a síndrome metabólica em adolescentes do sexo feminino: Comparação entre instrumentos de inquérito dietético. [Dissertação de Mestrado]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2006.

Houtkooper L. B., Lohman T. G., Going S. B., Hall, M. C. Validity of bioeletric impedance for body composition assessment in children. Journal of Applied Physiology. 1989, 66, 814-21.

Sociedade Brasileira de Hipertensão. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 2006. http://www.sbh.org.br (acessado em 20/novembro/2006).

Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na infância e adolescência. Arq Bras Cardiol. 2005; 85(VI):1-36.

American Dietetic Association. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care. 2006, 29: 43S-48S.

Keskin M, Kurtoglu S, Kendirci M, Atabek ME, Yazici C. Homeostasis model assessment is more reliable than the fasting glucose/insulin ratio and quantitative insulin sensitivity check index for assessing insulin resistance among obese children and adolescents. Pediatrics. 2005;115:500-3.

Faria ER. Critérios diagnósticos e fatores de risco para síndrome metabólica, em adolescentes que já apresentaram a menarca, de escolas públicas de Viçosa-MG. [Dissertação]. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; 2007.

Institute of Medicine. In: Dietary References Intakes for energy, carboidrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein and amino acids. Washington, DC: The National Academy Press; 2002.

Institute of Medicine. In: Dietary References Intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicon, vanadium and zinc. Washington, DC: The National Academy Press; 2001.

Institute of Medicine In: Dietary References Intakes for vitamin C, vitamin E, Selenium and carotenoids. Washington, DC: The National Academy Press; 2000.

Institute of Medicine. In: Dietary Reference Intakes for Calcium and Vitamin D, Food and Nutrition Board, Washington, D.C: The National Academy Press, November 30, 2010.

Philippi ST, Latterza AR, Cruz ATR, Ribeiro LC. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev Nut. 1999;12(1): 65-80.

Després JP. Abdominal Obesity and Cardiovascular Disease: Is Inflammation the Missing Link? Can J Cardiol. 2012;28:642–652.

Bokor S, Frelut ML, Vania, A, Hadjiathanasiou CG, Anastasakou M, Tendera EM, Matusik P, Molnar D. Prevalence of metabolic syndrome in European obese children. Int J Pediatric Obes. 2008; 3(2): 3 – 8.

Costa RF, Santos NS, Goldraich NP, Barski TF, de Andrade KS, Kruel LF. Metabolic syndrome in obese adolescents: a comparison of three different diagnostic criteria. J Pediatr. 2012;88(4):303-9.

Zimmet P, Alberti G, et al. The metabolic syndrome in children and adolescents: the IDF consensus. Diabetes Voice. 2007; 52 (4): 29-32.

Burrows R. Síndrome metabólico en niños y adolescentes. Arch Latin Nefr Ped. 2008; 8(1): 1-11.

Alvarez MM, Vieira ACR, Sichieri R, Veiga GV. Prevalence of metabolic syndrome and of its specific components among adolescents from Niterói City, Rio de Janeiro State, Brazil. Arq Bras Endocrinol Metab. 2011;55(2): 164-170.

Oliveira RMS, Franceschini SCC, Rosado GP, Priore SE. Influence of prior nutritional status on the development of the metabolic syndrome in adults. Arq Bras Cardiol. 2009;92(2):107-112.

Santos CR, Bocca PES, Avila SS, Soares EA. Fatores dietéticos na prevenção e tratamento de comorbidades associadas à síndrome metabólica. Rev. Nutr. 2006; 19(3): 389-401.

Monteiro P, Victora C, Barros F. Fatores de risco sociais, familiares e comportamentais para obesidade em adolescentes. Rev Panam Salud Publica. 2004; 16 (4): 250–8.

Formigli VLA, Costa MCO, Porto LA. Avaliação de um serviço de atenção integral à saúde do adolescente. Cad Saúde Pública. 2000; 16.

Beck CC, Lopes AS, Farias Junior, JC. Factors associated with serum lipids of adolescents from the Brazilian South. Rev Nutr. 2014;27(1):35-43.

Ford ES, Mokdad AH, Giles WH, Brown DW. The metabolic syndrome and antioxidant concentrations: findings from the Third National Health and Nutrition Examination Survey. Diabetes. 2003; 52(9): 2346-52.

Priore SE, Pereira CAS, Ribeiro SMR, Cintra IP, Oliveira SP, Freitas SN, Franceschini SCC. Minas Gerais: alimentação de ontem e de hoje. In: Fisberg M, Wehba J, Cozzolino SMF. Um, dois, feijão com arroz: a alimentação no Brasil de Norte a Sul. São Paulo: Atheneu: 2002, 418p.

Vitolo MR, Campagnolo PD, Gama CM. Factors associated with a risk of low dietary fiber intake in adolescents. J Pediatr. 2007;83(1):47-52.

Lima SCVC, Arrais RF, Pedrosa LFC. Avaliação da dieta habitual de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Rev Nutr. 2004; 17(4):469-477.

Lopes ACS, Caiaffa WT, Mingoti AS, Lima-Costa MFF. Ingestão alimentar em estudos epidemiológicos. Rev Bras Epidemiologia. 2003; 6 (3).

Calvão RA, Oliveira SKE, Ferreirinha RMLC, Macedo CTL, Soares SBA. Validação de um questionário de frequência de consumo alimentar para população adulta. Rev Nutr. 2006; 19(5): 553-562.

Downloads

Publicado

2014-09-15

Como Citar

de Faria, E. R., de Faria, F. R., Pinto, C. A., Franceschini, S. do C. C., Peluzio, M. do C. G., & Priore, S. E. (2014). Consumo Alimentar e Síndrome Metabólica em adolescentes do sexo feminino. Revista Da Associação Brasileira De Nutrição - RASBRAN, 6(1), 21–28. Recuperado de https://rasbran.emnuvens.com.br/rasbran/article/view/164

Edição

Seção

Artigos Originais

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)